Como comenta o teólogo José Eduardo Oliveira e Silva, São Francisco de Assis é um dos ícones mais luminosos do cristianismo, porque encarnou de modo radical a pobreza evangélica e a alegria do Evangelho. Em um mundo dividido por consumismo, conflitos e indiferença, o Pobrezinho de Assis continua a interpelar consciências e a inspirar caminhos de reconciliação.
Se o seu propósito é compreender por que a espiritualidade franciscana transforma pessoas, comunidades e cidades, prossiga a leitura. Descubra como a simplicidade, a fraternidade e a missão se tornaram um itinerário de santidade acessível, atraente e profundamente bíblico.
Quem foi São Francisco de Assis?
À luz da história da Igreja, Francisco nasceu em Assis, experimentou a vaidade da juventude e, mais tarde, converteu-se ao ouvir o Evangelho que o convidava a “reparar a Igreja”. De acordo com o teólogo José Eduardo Oliveira e Silva, sua resposta não foi teórica, mas prática: abraçou a pobreza, trabalhou com as próprias mãos e caminhou ao lado dos pobres.

Fundou a Ordem dos Frades Menores, inspirando também Clara de Assis e uma multidão de penitentes seculares. Seu legado não se limita a um movimento religioso. Francisco devolveu ao mundo a visão evangélica da criação como dom e de cada pessoa como irmão. Sendo assim, sua memória move peregrinações, vocações e obras de caridade que se multiplicam até hoje.
Pobreza evangélica: Liberdade interior e caridade operosa
A pobreza franciscana não é miséria, e sim liberdade do coração. A renúncia aos excessos desarma o egoísmo e abre espaço para Deus e para o próximo. Além disso, a sobriedade torna o discípulo mais atento às dores dos frágeis, porque o liberta da tirania das posses.
Em consonância com o Evangelho, a pobreza evangélica gera caridade concreta. À medida que o coração se desapega, as mãos se abrem. Em vista disso, a espiritualidade franciscana inspira economias solidárias, consumo responsável e compromisso social. Dessa forma, a pobreza deixa de ser conceito e se torna caminho de comunhão.
Fraternidade universal: Cântico das Criaturas e ecologia integral
Em conformidade com a sabedoria cristã, a fraternidade proclamada por Francisco nasce da contemplação do Criador. Como destaca o Pe. José Eduardo Oliveira e Silva, o Cântico das Criaturas revela a gramática da gratidão: irmão sol, irmã lua, irmã água e irmã mãe terra. Outrossim, a linguagem poética educa o olhar para reconhecer a criação como sacramento de bondade.
Não obstante o avanço tecnológico, a casa comum pede cuidado e reverência. Em harmonia com a visão franciscana, falar de fraternidade universal implica proteger a vida em todas as suas fases, promover justiça socioambiental e evitar desperdícios. A espiritualidade de Assis inspira paróquias a organizar mutirões de limpeza, hortas comunitárias, campanhas de reciclagem e assistência a famílias vulneráveis.
Missão e paz: Diálogo, reconciliação e anúncio do Evangelho
Francisco permanece modelo de missionário que anuncia a verdade com mansidão. Segundo o sacerdote José Eduardo Oliveira e Silva, o encontro do santo com o sultão al-Kamil ilustra como a fé e diálogo podem caminhar juntos sem relativizar o conteúdo do Evangelho. A reconciliação passa a ser método apostólico: primeiro a paz, depois a palavra.
A missão franciscana floresce em ações concretas. Comunidades inspiradas em Francisco mediam conflitos locais, promovem círculos de escuta e oferecem cursos de economia do dom, de modo que a evangelização seja também serviço à dignidade humana.
Os estigmas e a conformação a Cristo: Mística que gera serviço
Os estigmas recebidos por Francisco no Alverne significam união íntima ao Crucificado. Sob essa perspectiva, a mística do santo não o isolou do povo, mas o tornou ainda mais próximo dos que sofrem. Em decorrência disso, a espiritualidade franciscana integra contemplação e serviço: oração intensa, Eucaristia frequente e caridade operosa.
A conformação a Cristo não é fuga do mundo, e sim envio. A paróquia que reza e serve torna-se sinal da beleza de Deus no cotidiano, onde a graça reconcilia feridas e a esperança reacende vocações.
A alegria perfeita do Evangelho
Francisco de Assis continua a ensinar que a alegria verdadeira nasce do amor que se doa. Para o sacerdote José Eduardo Oliveira e Silva, a simplicidade abre a porta para Deus, a fraternidade cura feridas e a missão traduz a fé em gestos concretos.
Quem escolhe o caminho franciscano aprende a olhar o mundo com gratidão, a servir os irmãos com humildade e a anunciar Cristo com ternura. A espiritualidade de Assis é um convite perene à santidade possível, que transforma o coração e, pouco a pouco, transfigura a história.
Autor : Thomas Hay