Falhas em ciclos com embriões euploides: quando o problema não está no embrião

Thomas Hay
Nem sempre a falha na fertilização está no embrião — como ressalta Oluwatosin Tolulope Ajidahun ao analisar ciclos com embriões euploides.

Tosyn Lopes observa que, mesmo diante de embriões euploides, ou seja, com número cromossômico normal, alguns ciclos de fertilização in vitro (FIV) ainda resultam em falhas de implantação. Esse cenário, frustrante para pacientes e especialistas, evidencia que o sucesso da gestação depende de mais do que apenas a qualidade embrionária. Fatores uterinos, imunológicos e moleculares devem ser cuidadosamente considerados quando os embriões não são o problema.

A análise genética pré-implantacional (PGT-A) tem permitido selecionar embriões com alto potencial de desenvolvimento. No entanto, mesmo quando esse critério é atendido, a ausência de gestação indica a necessidade de investigar outros elementos essenciais para o processo de implantação e manutenção da gravidez.

O que são embriões euploides e por que eles são preferidos

Embriões euploides são aqueles que possuem o número correto de cromossomos, sem anomalias genéticas detectáveis. Eles são considerados os mais viáveis, pois apresentam menor risco de aborto espontâneo e maiores chances de implantação. Por isso, o uso do PGT-A tornou-se comum em clínicas de reprodução, especialmente em pacientes com idade materna avançada ou falhas repetidas.

Oluwatosin Tolulope Ajidahun ressalta que, embora embriões euploides aumentem as chances de sucesso, eles não garantem gravidez. A taxa de implantação por transferência de embrião euploide gira em torno de 60% a 70%, o que demonstra que outros fatores também precisam estar em perfeita sincronia para que a gestação se estabeleça.

Oluwatosin Tolulope Ajidahun destaca a importância de investigar outros fatores quando há falhas em ciclos com embriões euploides.
Oluwatosin Tolulope Ajidahun destaca a importância de investigar outros fatores quando há falhas em ciclos com embriões euploides.

Fatores uterinos que interferem na implantação

A presença de pólipos, miomas submucosos, aderências (síndrome de Asherman) ou malformações uterinas pode dificultar a fixação embrionária, mesmo quando o embrião é cromossomicamente normal. Além disso, distúrbios como endometrite crônica e alterações no microbioma endometrial comprometem a receptividade do tecido uterino.

Tosyn Lopes comenta que, nesses casos, exames como histeroscopia, biópsia endometrial e análise da microbiota são fundamentais para identificar possíveis causas. Tratar a inflamação silenciosa, remover alterações estruturais ou restaurar o equilíbrio do ecossistema uterino pode reverter o histórico de falhas de implantação.

Disfunções imunológicas e tolerância embrionária

O sistema imunológico materno desempenha papel essencial na aceitação do embrião. A implantação requer um estado de tolerância imunológica, no qual o corpo não reconhece o embrião como um invasor. Quando há desequilíbrio nessa resposta, como na presença de células NK hiperativas ou autoanticorpos, a gravidez pode ser impedida desde o início.

De acordo com Oluwatosin Tolulope Ajidahun, testes imunológicos especializados podem ser indicados em casos de repetidas falhas com embriões euploides. Estratégias como o uso de corticoides, heparina de baixo peso molecular ou imunoglobulina intravenosa são discutidas entre especialistas, embora ainda não existam protocolos universalmente padronizados.

A importância da sincronia endometrial

Mesmo quando não há alterações anatômicas ou imunológicas visíveis, a janela de implantação pode estar deslocada. Isso significa que o endométrio não está receptivo no momento da transferência embrionária. Testes como o ERA (Endometrial Receptivity Analysis) avaliam o perfil de expressão gênica para identificar o momento ideal da transferência.

Tosyn Lopes frisa que a personalização do dia da transferência com base nesses testes tem mostrado bons resultados, especialmente em pacientes que já passaram por múltiplas falhas. O ajuste fino da sincronização entre embrião e endométrio pode ser decisivo para o sucesso gestacional.

Quando o embrião é bom, o foco deve mudar

Falhas de implantação com embriões euploides mostram que a reprodução humana é multifatorial e sensível a detalhes além da genética embrionária. Quando o embrião está saudável, é essencial voltar a atenção para o útero, o sistema imune e o ambiente hormonal que o acolherá.

Oluwatosin Tolulope Ajidahun analisa que, nesses casos, uma abordagem multidisciplinar e individualizada oferece melhores resultados do que repetições automáticas de ciclos. O sucesso está em identificar e tratar as causas silenciosas que impedem a implantação, mesmo quando o embrião tem todo o potencial genético para se desenvolver.

Autor: Thomas Hay

As imagens divulgadas neste post foram fornecidas por Oluwatosin Tolulope Ajidahun, sendo este responsável legal pela autorização de uso da imagem de todas as pessoas nelas retratadas.

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